Escrito por: Dra. Isabela Cabello Abouchedid
Fibrilação Atrial e sua Duração
- Para pacientes com FA ou flutter atrial com duração inferior a 48 horas e pontuação CHADSVASC ≥ 2 em homens ou ≥ 3 em mulheres, recomenda-se a administração de Heparina ou NOACS o mais rápido possível antes da cardioversão, seguido de terapia de anticoagulação a longo prazo (Recomendação IIa – B).
- Para pacientes com FA ou flutter atrial com duração de 48 horas ou mais ou quando a duração da FA é desconhecida, recomenda-se a anticoagulação com Varfarina (mantendo INR 2,0 a 3,0) ou NOACS por pelo menos 3 semanas antes do procedimento e 4 semanas após a cardioversão, seja ela farmacológica ou elétrica.
- Após cardioversão para FA de qualquer duração, a decisão sobre a terapêutica de anticoagulação a longo prazo deve basear-se no perfil de risco tromboembólico e no risco de hemorragia.
Fibrilação Atrial Silenciosa
- Em pacientes com AVC criptogênico (ou seja, com causa desconhecida) nos quais a monitorização externa é inconclusiva, considerar o implante de um monitor cardíaco (looper implantável) para detectar FA silenciosa.
Fibrilação Atrial e Síndrome Coronariana Aguda
- Para pacientes com Síndrome coronariana Aguda (SCA) e FA e risco aumentado de tromboembolismo sistêmico, se CHADSVASC ≥ 2, recomenda-se anticoagulação, exceto se o risco de sangramento exceda o benefício esperado.
- Considerar a opção por clopidogrel em preferência a prasugrel ao prescrever a terapia tripla para pacientes com FA e CHADSVASC ≥ 2 ,que tenham sido submetidos a intervenção coronária percutânea com implante de stent.
- Em pacientes com FA e CHADSVASC ≥ 2, submetidos a intervenção coronária percutânea com implante de stent para síndrome coronariana aguda, considerar a opção por terapêutica dupla com clopidogrel ou ticagrelor e Varfarina (INR 2,0-3,0) ou doses baixas de Rivaroxabana (15 mg/dia) ou Dabigatrana 150 mg 2 x dia, para reduzir o risco de sangramento em comparação a terapia tripla
ATUALIZAÇÃO DAS DIRETRIZES AMERICANAS DE FIBRILAÇÃO ATRIAL: O QUE HÁ DE NOVO? (quarta parte)
Fibrilação Atrial em Portadores e Insuficiência Cardíaca
- A ablação por cateter da fibrilação atrial pode ser plausível em pacientes selecionados portadores de Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida e FA sintomática para redução da taxa de mortalidade e tempo de hospitalização pela insuficiência cardíaca. Os autores se basearam nos estudos CASTLE – AF e CABANA. (recomendação fraca – IIb – B).
Fibrilação atrial e Sexo feminino
- Sexo feminino sozinho não transmite risco aumentado de fenômenos tromboembólicos na ausência de outros fatores risco. Os autores esclarecem que o sexo feminino não deve influenciar a decisão de recomendar a anticoagulação oral, a menos que o paciente tenha outros fatores de risco consideráveis pelo escore CHADSVASC.
Fibrilação atrial e Perda de peso
- Pacientes com sobrepeso ou obesos e portadores de FA, a perda de peso combinada com a modificação do fator de risco reduz os episódios de FA, melhora o sucesso da ablação de FA e reduz a progressão da FA (recomendação I B).
REFERÊNCIAS:
- January CT, Wann LS, Calkins H, Chen LY, Cigarroa JE, Cleveland Jr JC, Ellinor PT, Ezekowitz MD, Field ME, Furie KL, Heidenreich PA, Murray KT, Shea JB, Tracy CM, Yancy CW, 2019 AHA/ACC/HRS Focused Update of the 2014 AHA/ACC/HRS Guideline for the Management of Patients With Atrial Fibrillation, Journal of the American College of Cardiology (2019), doi: https:// doi.org/10.1016/j.jacc.2019.01.011.
- Mandrola, J.Ten Thoughts on the 2019 AF Treatment Guidelines.February 08,2019.Site: https://www.medscape.com/viewarticle/908845#vp_3
Dra. Isabela Cabello Abouchedid
Médica graduada em Medicina pela Universidade do Vale do Sapucaí – Pouso Alegre- MG. Especialização em Cardiologia pelo Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo (Equipe Instituto Paulista de Doenças Cardiovasculares). Especialização em Métodos gráficos pelo Instituto do Coração de São Paulo (Incor/HCFMUSP). Fellowship em Arritmia Clínica pelo Instituto do Coração de São Paulo (Incor/HCFMUSP). Aprimoramento em Reabilitação Cardíaca pelo Instituto do Coração de São Paulo (Incor/HCFMUSP). Título de Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e portadora do Certificado de Habilitação em Ergometria concedido pelo Departamento de Ergometria, Exercício e Reabilitação (DERC) da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).Especialização em Gestão em Saúde pela FIOCRUZ/Escola Nacional de Saúde Sérgio Arouca. Estágios em Arritmia Clínica na Cleveland Clinic e no Setor de Arritmia Cardíaca do Hospital de Lavagna sob supervisão do Dr. Michelino Brignole.